Colunista Rafael Alvarenga

Rafael Alvarenga escritor

Rafael Alvarenga

Qualificação do colunista

Rafael Alvarenga começou sua relação com a palavra lendo os classificados dos jornais
usados para embrulhar as mercadorias que o mandavam buscar na venda do Sr. Amaro. Nesse
tempo, achava que os anúncios eram todos invenções e ria alto imaginando quem os teria
escrito. Pois diziam que tudo estava em bom estado, funcionando bem, tinindo. E mesmo
assim eram vendidos a preço de banana.
Buscou tantas coisas na venda que até cresceu indo e voltando. Daí resolveu escrever
invenções. Começou pela poesia e logo se tornou um poeta banguela. Imperfeito, porém
sorridente como aqueles que iam antigamente aos estádios de futebol. Em seguida, foi para a
poesia feia e depois para a prosa, onde não se exige rima e sim uma mão mais generosa.
Na escola a prosa era outra. Às vezes de pouca poesia. No primeiro bimestre cometeu
o crime de trocar em um sebo o livro didático de matemática por outros dois, um de filosofia e
outro da Mafalda. Mas não disse nada para sua mãe, uma exata professora de matemática.
Quando decidiu que seria pesquisador e professor de filosofia toda família se reuniu em um
almoço. Por bem da digestão coletiva ninguém ousou perguntar enrugando testa e boca: Mas,
afinal, o que é a filosofia?
Hoje, Rafael Alvarenga tem certeza que já está crescido. Ora porque fazem alguns anos
que ele não cresce mais nada. Então, passou a tirar tudo de dentro da gaveta. Folhas avulsas
escritas a mão. Blocos grampeados de papéis batidos à máquina. Páginas de almaço impressas.
Vejam vocês que crescer lhe serviu muito bem para saber que depois da adolescência, não se
tem mais tempo para dar tempo. É preciso fazer, trabalhar e se meter a inventar, inclusive, o
dia e a noite.
De tanto fazer seus papéis virarem livros resolveu ainda inventar a Editora Campo ou
Bola que trata, exclusivamente, de cultura futebolesca. O futebol é um grito que deve servir
tanto para o gol quanto para o protesto.
Pela filosofia, atualmente, Rafael bebe um café todas as manhãs com Deleuze. Pela
literatura saboreia a prosa de Walter Hugo Mãe – que não deixa ninguém dormir. Pelo futebol
chora toda vez que ouve Victor Morales gritando “Barrilete cósmico”. Pela vida, é um homem
de fé. Fé na luta por uma vida sempre melhor!

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