O Turismo é, sem sombra de dúvidas, o melhor e mais sustentável caminho, para nosso município se desenvolver economicamente, reduzindo sua dependência dos royalties do petróleo.
Temos uma diversidade pouco vista:
Uma Serramar que nos liga a Nova Friburgo, com o Rio Macaé, cheio de cachoeiras, a Ponte de Arame, bons trechos navegáveis, um rafting incrível do Gerson, inclusive com um viés poético, à meia noite, quando estamos na Lua Cheia;
Uma sede acolhedora com espaços que precisam ser reocupados, como a casa do Produtor, a Zona Especial de Negócios, o Parque de Exposições, as praças, os campos de esportes, centros culturais como a escola de dança;
Cidades bucólicas e cheias de atrativos como Rio Dourado com sua produção de defumados e acessos à Bicuda e ao Rio São João; Professor Souza, Boa Esperança, que merecem atenção do poder público, criando eventos e gerando empregos e renda, por meio da acolhida turística;
Uma linha de trem que passa por nosso município e que está sendo devolvida com multa pela empresa operadora até aqui (Ferrovia Centro Atlântica – FCA), estamos em conjunto com os municípios vizinhos (Rio Bonito, Silva Jardim, Rio das Ostras, Macaé e Quissamã) em um grupo de trabalho tentando reviver a ferrovia, com um trem turístico e várias paradas que nos levem a destinos distintos, a Reserva Ecológica da União (ICMBio), o Rio São João, a Serramar, e outros destinos em municípios vizinhos, como como a represa de Juturnaíba, em Silva Jardim.
Barra de São João com seu casario histórico junto com a Capela de São João Baptista (1619) que datam do início do século XVII e que, embora estejam bastante degradados estamos todos do governo trabalhando para seu restauro o quanto antes. Além de sua Prainha, Praião e Beira Rio, que juntam belas paisagens com gastronomia e a possibilidade de navegação no caudaloso São João, apenas para apreciar a paisagem, ou para a pesca esportiva, atualmente incrementada com a propagação de tucunarés, não nativos e altamente predatórios.
Todo município se propõe ao turismo esportivo e de aventura (Mountain Bike, Motocross, trilhas e caminhadas etc), esportes náuticos (canoa havaiana, vela, caiaques, Wind e Kite Surf etc); campos de futebol, ginásios poliesportivos (o de Barra em plena reforma) a lista é grande.
A Lei Aldir Blanc veio ajudar ainda mais a revelar a cultura que ulula em todo município: cantorxs, músicxs, poetas, artistas plásticos, performers, dançarinxs, grafiteiros, DJs, clowns, artistas circenses… que me perdoem quem eu deixei de fora nessa breve lista.
A gastronomia e a produção agropecuária e pesqueira de nossas cidades também é única e desperta paixão à primeira mordida.
MAS VIVEMOS UMA PANDEMIA. Há previsões de que chegaremos a 5 mil mortes/dia em breve.
Se crise é sinônimo de Risco e Oportunidade, há de se fazer uma caipirinha desse amargo limão. Por vezes, para dar um passo a frente, precisamos dar dois passos atrás para pegar impulso.
Como recém empossado secretário de Turismo e Eventos do município, não precisei como louco, correr atrás de consertar todos os problemas deixados pela gestão passada – como as atas de preço vencendo todas, por exemplo – para organizar, às pressas, um Carnaval que queremos todos, mais familiar e menos violento.
Por sua vez, com todas as dificuldades inerentes às máquinas públicas, estamos com tempo para refletir que Turismo queremos para nosso município. Tenho conversado com praticamente todos os representantes do Trade e da sociedade civil, além de colegas de outros municípios, do governo do RJ e do Ministério do Turismo. Tenho conversado com o prefeito Ramon e com os companheiros secretários. E em todos os papos, afirmado que penso em inverter a lógica que vivemos nas últimas décadas:
Não são os Eventos que comandam o Turismo. Afirmo sempre que em Barra de “É vento” já temos o Nordeste que sopra incessante. E vai, quando passa não deixa nada. Levamos muitas administrações, gastando dinheiro para trazer artistas de renome e, com eles, uma audiência que não permanece na cidade, terminado o show, que não consome nos restaurantes e bares, que não se hospeda em pousadas. Aliás já tivemos muitas, hoje, temos dificuldades de leito.
Poderia apostar que Costazul, que outro dia não era nada, tem, depois do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival mais pousadas do que nosso município inteiro. Talvez isso valha também para os vizinhos de cima, Lumiar, São Pedro da Serra… Por que não temos na Serramar, no Córrego da Luz pousadinhas e restaurantes a luz de vela, com música de qualidade e oferta de produtos turísticos. Muito provavelmente por falta de planejamento e união entre poder público, iniciativa privada, Conselho de Turismo, Convention & Visitors Bureau etc.
Quero crer que é hora de revermos, em plena pandemia, o que queremos para o pós-pandemia.
Penso em investimentos menores, em artistas locais, com um aumento na frequência. Um branding que nos remeta à nossa vocação de Terra do Poeta, com música&dança&esportes&atividades&aventura&poesia&artes plásticas em todas as localidades, praticamente todos os finais de semana. Creia, isso é mais barato do que trazer uma banda famosa. E os valores investidos em cachês serão gastos aqui, como um multiplicador keynesiano, aquecendo a nossa economia.
Assim como as atividades terão por meta incrementar o comércio e a gastronomia. Do jeito que vinha sendo feito, os visitantes vinham pelo show e, como disse ali em cima, se consumiam era muito pouco. Queremos inverter essa lógica, que venham pela paisagem, pela boa comida e bebida e que os shows sejam a cereja do bolo de um processo maior.
Tenho insistido na união entre Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Agricultura e Turismo. Trabalhando holisticamente podemos desenvolver o litoral e o interior. Quanto mais agora, que o Turismo de proximidade ganhou tremenda força.
Pesquisa recente da secretaria de Turismo do Estado evidencia que o perfil do turista em 2020 nos garantia: 57,3% dos entrevistados queriam viajar dentro do próprio estado de residência contra apenas 3,9% que pensavam em sair do país; 56,9% preferiam a utilização dos próprios carros. Vale lembrar que 2020, foi o começo da pandemia e de lá para cá, a situação se acirrou
Com o Turismo de proximidade em alta, assim como o dólar e o euro. Com as pessoas agoniadas pelo isolamento social. Com toda diversidade que nosso município tem…. Precisamos nos preparar, com planejamento, discussão, criação de infraestrutura (sinalização, aporte ao trade, tratamento de trilhas e estradas vicinais etc) para o que vem pela frente. Uma indústria limpa, capaz de gerar emprego e renda.
Será duro, aguentar até o fim da pandemia. O governo do estado está quebrado. A prefeitura foi recebida com muitos problemas administrativos e financeiros, ainda temos visto a arrecadação cair com a crise provocada pela quarentena. O governo federal está com dificuldades em criar respiradores para os comerciantes, geradores de empregos e para a própria população em geral que convive com o fantasma do fim ou da redução do auxílio emergencial.
Será dura também a retomada das atividades econômicas no pós-pandemia. Mais um motivo para entendermos todos que uma canoa é feita com um pau só. E não é o lado do outro que está furado. Estamos todos juntos: governo, sociedade civil, empresários, empregados, autônomos, desempregados, municípios vizinhos, trade. E apenas juntos atravessaremos esse rio e subiremos o barranco. Mas há uma luz no fim do túnel. E não é um trem vindo na nossa direção. É a luz da oportunidade de quem aprende, na dor, a planejar um futuro mais humano, mais sustentável e que traga justiça social para todos.